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quarta-feira, 27 de abril de 2016

ARREPENDIMENTO...

"Confesse", o pessoal tem pedido no Facebook.
Algo que você sempre quis me falar, mas não teve coragem ou oportunidade.
"Coragem" e "oportunidade" me remetem ao sentimento de arrependimento.
Nas relações, por exemplo. Amizades, namoros, casamentos, relações familiares... Não importa. Em todas elas, costumamos nos adaptar. Por anos, a pessoa está lá, ao nosso alcance. Mas nos adaptamos. Acostumamos com sua presença, e temos a terrível ilusão de que as coisas vão continuar sempre como estão. Deixamos de agradecer, valorizar, investir nossa energia na relação. Passamos a tratar a pessoa como se fosse sempre estar lá.
Até que um dia a pessoa vai embora.
Às vezes, por força da natureza. Nada permanece. Infelizmente, a saúde também não. É a única certeza que todos temos, diz a sabedoria popular.
Às vezes, por vontade própria. Cansada de ser tratada com descaso, ou de não ter sua presença devidamente valorizada.
É aí que ele surge. O sentimento mais comum no vazio deixado por quem vai embora: o arrependimento. Por não ter feito isto ou aquilo. Por não ter valorizado. Por não ter agradecido. Por não ter estado lá. Por não ter tentado.
Na raiz do arrependimento está um tipo ruim de esperança: a que vem do verbo "esperar". A pessoa arrependida geralmente é (ou foi) esperançosa. Esperou que as coisas mudassem, esperou a oportunidade, esperou ter coragem... Esperou, em vez de agir. Em vez de ter feito diferente. Em vez de confessar.
Então confesse! Mas não espere a pessoa te pedir. Pois um dia essa pessoa irá embora da sua vida. Daqui a anos, ou num instante daqui a pouco.
E quando ela for, tenha o conforto de saber que você fez o seu melhor. De saber que, pelo menos, você tentou -- em vez do arrependimento que nos faz desejar que tivéssemos agido de forma diferente.


Pedro Calabrez Furtado

sexta-feira, 22 de abril de 2016

RELACIONAMENTO É CONSTRUÇÃO E NÃO REFORMA

Na vida sentimental não existe espaço para reformas, antes é necessário construções sólidas para o NOVO DE DEUS chegar.
Enquanto você estiver vivendo algo novo, mas com uma mentalidade antiga as coisas infelizmente não poderão fluir.
Novas pinturas não duram em paredes deterioradas, belas cortinas não escondem por muito tempo janelas trincadas.
Portanto não tente reformar o seu coração para receber uma nova pessoa antes de limpar a bagunça que outro alguém deixou;
Reforma às vezes parece ser algo mais fácil, mas não, é bem mais complicado, pois não dá pra criar novas portas em fundamentos e vigas antigas.
Se desfaça dos velhos costumes, se liberte de coisas passadas, se despeça de antigos moradores e não apenas troque a fechadura mas mude a porta.
Só entre em algo novo, quando do seu passado não sobrar nada além de aprendizado e superação. Pois o contrário do amor não é o ódio, mas a mais pura e natural indiferença de quem amadureceu, esqueceu e superou.
Jamais compare a pessoa com quem você está, com pessoas que você já esteve; Jamais use alguém do passado como referência de nada, pois se fosse algo bom e verdadeiro não teria passado.
Deus nunca erra ou regride, Ele sempre se supera e traz do seu baú de tesouros pedras preciosas jamais vistas.
Não dá pra apagar seu passado, mas da pra viver um presente leve e sem bagagens desnecessárias, pra só então entrar em um futuro brilhante, sem arrependimentos ou culpas e muito melhor do que um dia o seu coração sonhou.
O Amor não é como a paixão que se hospeda em qualquer estalagem porque não se demora. O Amor é um morador exigente que não chega e vai embora, antes Ele coloca tudo pra fora, desconstrói o que sobrou de uma casa despedaçada por um sentimento não correspondido ou ferido e em seu lugar ergue um novo lar, Edificado pelo maior arquiteto e escritor de histórias de amor, nosso inspirado e romântico Deus."


Samuel Vagner

ESTRATÉGIA E LIDERANÇA: Uma leitura através da história

PROVOCAÇÕES SOBRE ÉTICA...

quarta-feira, 20 de abril de 2016

PRECONCEITO...


“Ter preconceito é ter uma falha de visão, um procedimento não científico, porque criou opinião sem conhecimento, elabora afirmativas carentes de objetividade, julga sem ver e afirma sem conhecer. O preconceito é um ato de pouca inteligência, ainda que gente muito inteligente possa ser preconceituosa. O preconceito é sempre burro, mas pode ser compartilhado por gênios e estúpidos.

Leandro Karnal – A detração, p. 94

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. De alguma forma a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora.
Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino.
Quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca. É evento de graça.
Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.


Rubem Alves

HAMLET DE SHAKESPEARE E O MUNDO COMO PALCO.

Quantas Redes Sociais São Necessárias Para Preencher O Nosso Vazio Existencial?



Eu acredito que nós estamos gritando desesperadamente para sermos observados. Eu acredito que nós estamos nos sentindo muito solitários. Eu acredito que nós potencializamos o eu, mas atomizamos, se preferirmos a metáfora física. Ou capilarizamos, se preferirmos a metáfora biológica.
Nós temos, desde a invenção da imprensa, no século 15, na Alemanha, a invenção da grande imprensa, nos séculos 19 e 20; a televisão, no século 20, o rádio no século 20. Nós temos um crescimento gigantesco na capacidade de comunicação com o grande público. Ainda estamos lidando com estes fatos, mas sem sombra de dúvida as pessoas estão dando opinião de tudo e isso é um bom exercício.
A pergunta é se alguém está ouvindo a opinião alheia, se alguém está lendo a dos outros? Se eu tiver 35 grupos de WhatsApp: família, amigos, emprego, festas, etc.; se eu tiver três contas no Instagram; se tiver quatro contas no Face, inclusive um fake para sacanagem. Se tiver tudo isso, quem eu estou lendo de fato, se o meu tempo é consumido pela atualização destas questões?
Eu, como pessoa mais velha, assisti ao nascimento do celular, assisti ao nascimento do computador pessoal, ouvi tocar o primeiro celular em sala de aula. Os jovens não sabem disso, mas não havia celular antes. Eu sei que essa ideia é… é uma ideia muito extraordinária. E como dizem algumas alunas:
– Eu não posso desligar, professor, eu tenho filho.
Como será que nossas mães nos criaram sem o celular? Minha preocupação não é com a tecnologia. Uso o celular e gosto muito, ele é útil, e ele resolve muitas coisas para mim. A minha preocupação não é tirar ou reforçar o celular, é secundário… A minha preocupação é quem sou eu que preciso estar presente em tantos personagens, em tantos lugares, para que tanta gente me veja?
Quando eu falo, às vezes, na televisão, e essa televisão tem interação via redes sociais, eu tenho a sensação que ninguém me escuta, eu tenho a sensação que muitos telespectadores estão casados comigo; não me escutam e não temos sexo. Ou seja, é um casamento absoluto. Eu tenho a sensação que cada um emite a sua opinião imediatamente quando identificam que eu disse alguma coisa. E graças a isso vão mandando mensagens. Mandando mensagens… A participação é muito boa e quando eu escuto, interajo, ela é fundamental.
Nós temos a chance de uma virada. Vou usar uma palavra mais difícil: epistemologia do século 21 em que o conhecimento atingiu um novo patamar de validação. Temos a chance, mas isso ainda não ocorreu. Nós não estamos brilhantes ou mais produtivos do que há trinta anos. Apenas estamos incrivelmente mais ocupados com o mundo virtual. Eu saí com uma profissional de arquitetura que fazia um trabalho pra mim e ela sentou comigo para jantar e discutir um problema de reforma; ela atendeu o celular. Eu fiquei esperando. Certamente era algo grave. Começamos a conversar, ela atendeu novamente. Eu esperei.  Certamente era algo gravíssimo que impedia a nossa reunião. Na terceira vez, tocou o celular.  Era eu ligando para ela. E dizendo para ela: já que você prefere pelo celular, vamos ter a reunião assim. E tivemos. E foi uma reunião produtiva. E o celular dela não tocou mais. Porque nós tivemos (a reunião).
É uma questão de escolha. Me preocupa que a realidade virtual se sobreponha à realidade real. Me preocupa isso. Mas é provável uma preocupação de idade. Não que seja uma preocupação de criança ou jovem. Isso vai passar.  Me preocupa que realmente a fala reflexiva que é o tom da fala de Hamlet tenha desaparecido. E a fala informativa esteja dominando. Como diz um filme sobre a dificuldade de Shakspeare. O problema de Shakspeare é que ele nunca diz: vai daqui prá lá. Shakspeare diz: “Toma das asas de mercúrio e passa deste ponto àquele outro onde o sol se põe”.
As metáforas, as interpolações, os adjuntos, os apostos, os vocativos shakspearianos tornam complicadas as frases reflexivas. Porque a frase reflexiva pressupõe pensar no que estou dizendo. E quando eu penso no que estou dizendo, curiosamente, eu digo menos, que é mais significativo. Quando eu não penso no que estou dizendo eu digo mais coisas porque elas perderam o sabor.
E se tornam num quilo. Apesar do restaurante por quilo ser uma maravilha ele reduziu todos os alimentos a um mesmo sabor. O chuchu, a vitela, o purê, o milho, a alface, todos têm o mesmo gosto.  E se não são os onze quando são colocadas, três, pelos menos, certamente têm o mesmo sabor.  As pessoas põem um pouco de cada como se fizesse qualquer diferença o frango, o peixe ou a carne. E escolhem a ervilha como quem escolhe pérolas, uma por uma e colocam, delicadamente, no seu prato. Eu fico pensando, é tão sem graça essa comida. Eu tenho que ter muito cuidado ao comer para me sentir comendo alguma coisa. Ou seja, quando eu não tenho sabor nas coisas que eu vivo e faço eu multiplico as coisas que eu vivo e faço.  E falo mais e saio mais e faço mais festas e tenho mais amigos, viajo e não paro de viajar, porque como eu não consigo estar comigo, quero estar em todos os lugares do mundo.
Eu não tolero estar na minha casa. Sou pensativo, então eu tenho que estar no estresse do aeroporto. E visitando. Você foi à Argentina, foi à Buenos Aires, foi à Córdoba?  Você conhece Salta? Ah, Salta eu não conheço. Então vamos à Salta neste momento. Agora eu fui a Salta. E a Patagônia? E Mar Del Plata? Ou seja, é uma vida. Uma vida para rodar, rodar, até que fique tão longe que eu perca a consciência de mim mesmo. Por isso que nós viajamos mais do que jamais viajamos no passado. Porque nós não vemos mais nada. E batemos fotos que vão para o computador e não vão ser vistas por ninguém ou você envia cópias para dez mil pessoas que não vão ver ou vão ter inveja de eu estar viajando e vão responder apenas: kkkk.
Ou seja, este é o vazio que o Hamlet estranharia, já que o Hamlet faz toda a peça dele, a mais reduzida de todas, num único espaço da corte. Num único espaço de Elsinore, em salas do palácio e dali apenas, eles falam de uma viagem à Inglaterra, de navio e de uma ida a Paris.  Mas toda peça se passa ali, porque a casca de noz de Hamlet é suficiente reinado; é suficiente para ele.

Leandro Karnal

domingo, 17 de abril de 2016

O EXCESSO E A FALTA...

Viver em sociedade é submeter-se a ritmos distintos, visões distintas, aparências e tons de voz distintos. Viver fora da ilha de Robinson Crusoé é concordar que meu "eu"  não reine soberano. Conviver é sempre abrir mão de elementos da minha liberdade, esperar que os outros abram mão de um pouco da liberdade deles e, juntos, possamos achar um ponto onde o "nós" seja possível.

Do livro "Pecar e Perdoar" p. 107
Leandro Karnal

sábado, 16 de abril de 2016

À BELEZA...

Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Nem te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.
És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.
És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.
És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço…
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.
 Miguel Torga

segunda-feira, 11 de abril de 2016

JORNADA DA EDUCAÇÃO

Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma compreensão sobre nós mesmos.
A sombra, segundo Jung, nos diz para ignorar as próprias fraquezas e projetá-las nos outros.
Para evitar a sensação de que não somos bons o bastante, enxergamos os que estão ao nosso redor como se fossem suficientemente bons. Inúmeros exemplos vêm à mente.
Alguns são triviais, enquanto outros são uma questão de vida ou morte. A mais recente atriz de sucesso no cinema é criticada por perder peso demais, enquanto uma nação inteira se torna mais obesa.
Movimentos contra a guerra são denunciados como antipatriotas, enquanto todos estão pagando impostos para matar cidadãos de um país que nunca fez mal algum à América. Todos usam a projeção como uma defesa para evitar olhar para dentro de si mesmos.
Percebam que essa é uma defesa inconsciente. O molde da projeção é a seguinte afirmação:
“Não posso admitir o que sinto, então, imagino que você sinta”.
Consequentemente, se você não consegue sentir a própria raiva, rotula um grupo da sociedade como violento e temível.
Se você inconscientemente sente uma atração sexual que considera tabu, tal como atração por alguém do mesmo sexo ou pensamentos de infidelidade, você acha que os outros estão direcionando esse tipo de atração a você.
A projeção é muito efetiva. Um falso estado de auto aceitação é criado com base em “Eu estou bem, mas você não está”.
No entanto, a auto aceitação se estende a outras pessoas; quando você está bem consigo mesmo, não há motivo para determinar que o outro é que não está bem.
Você Está Projetando?
Aqui estão as formas típicas que a projeção pode assumir:
Superioridade. “Eu sei que sou melhor que você. Você deveria ver e reconhecer isso.”
Injustiça. “É uma injustiça que essas coisas ruins aconteçam comigo” ou “Eu não mereço isso.”
Arrogância. “Tenho orgulho demais para me incomodar com você. Até sua presença me irrita.”
Defensiva. “Você está me atacando, então, não estou ouvindo.”
Culpar os outros. “Eu não fiz nada. É tudo culpa sua.”
Idealizar os outros. “Meu pai era como um Deus quando eu era pequeno”, “Minha mãe era a melhor mãe do mundo” ou “O homem com quem eu me casar será o meu herói”.
Preconceito. “Ele é um deles, e você sabe como eles são” ou “Cuidado, esse tipo de gente é perigosa.”
Ciúme. “Você está pensando em me trair; posso ver isso.”
Paranoia. “Eles querem me pegar” ou “Eu vejo a conspiração que ninguém mais vê”.
Sempre que um desses comportamentos surgir, há um sentimento oculto na sombra que você não consegue encarar. Aqui estão alguns exemplos:
A superioridade; camufla o sentimento de fracasso ou o de que os outros o rejeitariam se soubessem quem você realmente é.
A injustiça; camufla o sentimento de pecaminosidade ou a sensação de que você é sempre culpado.
A arrogância; camufla a raiva acumulada e, abaixo dela, há uma dor profundamente arraigada.
A defensiva; camufla a sensação de que você é indigno e fraco. A menos que você se defenda dos outros, eles começarão a atacá-lo.
Culpar os outros; camufla a sensação de que você está agindo errado e deveria se envergonhar.
Idealizar os outros; camufla a sensação de que você é uma criança fraca e indefesa, que precisa de proteção e cuidados.
O preconceito; camufla o sentimento de que você é inferior e merece ser rejeitado.
O ciúme; camufla seu próprio impulso de desvio ou um senso de inadequação sexual.
A paranoia; camufla uma ansiedade entranhada e sufocante.
Como você pode ver, a projeção é muito mais sutil do que se imagina. No entanto, é uma porta aberta para a sombra. E uma porta dolorosa, já que aquilo que é visto como falha nos outros mascara seu sentimento em relação a você mesmo. O ideal seria que pudéssemos parar de culpar e julgar de uma vez por todas.
Na realidade, desfazer a sombra é sempre um processo. Para interromper a projeção, você precisa enxergar o que está fazendo, entrar em contato com o sentimento oculto sob a superfície e fazer as pazes com esse sentimento.

Deepak Chopra

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS...

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.


Manoel de Barros

domingo, 10 de abril de 2016

NÃO, TU NÃO TE TORNAS RESPONSÁVEL POR EXPECTATIVA ALHEIA NENHUMA!

Escreve aí em teu caderno. “Eu sou livre!”. Só para lembrar. Tu bem sabes, mas não custa repetir. Amar não é ter posse sobre ninguém. Quando te sentires escravizar, manda às favas! Assim, simples, direto e com toda a força. Fecha teus olhos, respira fundo e manda embora todo aquele, aquela e aquilo que te faz mal. Não carece verbalizar, repetir, soletrar em voz alta, gritar e essas coisas tão deliciosas. Diga a ti mesmo, esculhamba o opressor aí dentro primeiro. Aperta o botão vermelho, dá de ombros, dá as costas e vai em frente para longe dessa lama doentia.
Por que carregar esse peso, hein? Para onde? Vai valer de quê? A vida é uma viagem e a mala dos outros não te cabe. Despacha. Expulsa. Demite. Tu és livre, criatura! A maior concentração de idiotas por metro quadrado do mundo está aí mesmo, ao teu redor. Repara. Observa. Tem sempre um cretino por perto, cada vez mais próximo, exalando sua incrível capacidade de invadir o espaço alheio e um hálito estranho a tuas entranhas. Se vacilas, descuida, cochila e permite sem querer uma só aproximação, logo ele terá cravado os caninos em teu pescoço. Estará pendurado em ti, no pleno e livre exercício de seu parasitismo.
Rejeita. Escapa da areia movediça das relações doentias. Percebe o quanto tu, criatura divina que um dia foi amada com honestidade sob a forma de um bebê inocente, frágil, corre agora o risco de ter a vitalidade sugada por um espírito miserável, patológico e paranoico, povoado de expectativas unilaterais. Não te obrigues a agradar quem quer que seja antes de te contentares. Não te encantes com ninguém antes que um amor louco por ti mesmo fortaleça tua alma e dê sentido a cada santo dia.
Acredita. Tu haverás de amar honestamente só aqueles que mereçam o privilégio. Teus amigos, tua família, tua gente e olhe lá. Esses estarão contentes com o quinhão de amor e dedicação que tu lhes der, seja qual for o tamanho disso. Ao resto, tu deves nada, nada! Quanto àqueles que não entenderem, que se danem! Danem-se com todas as letras e ferros. Porque a nós nada está garantido mesmo senão a danação absoluta. E se te permitires afagar o ego de outro antes de mais nada, está escrito que também irás te danar mais cedo!
Manda longe aqueles que te “amam” sob a condição de que faças exatamente o que de ti esperam. Porque se ousares fazer diferente, se te atreveres a seguir tua própria vontade, sem nada conceder ao capricho alheio, rapidamente te odiarão com a mesma fúria com que hoje te adoram.
Desiste. Desiste de agradar a Deus e todo mundo. Afaga antes a ti mesmo e, se Deus quiser, o mundo todo será teu. Então poderás escolher o que queiras dele e a ele devolver o que puderes.
Cuidado com quem te cobra coerência, perfeição e generosidade. Atenção a quem te julga egoísta por valorizares a vida que te foi dada. Geralmente, é um cínico despejando em ti os defeitos que não suporta saber em si mesmo.
Olho vivo na turma do olho gordo, tão boazinha e viciada em sentir pena dos outros para disfarçar e esquecer sua própria miséria.
Evita, evita descaradamente os santinhos e sanguessugas dissimulados, entregues a sua corrida de lesmas. Tu não precisas provar nada a ninguém, não deves nada além das contas que pagas a tão duras penas, nada senão respeito a toda e qualquer criatura honesta que viva sua própria vida e não atrapalhe a dos outros.
Corre. Corre o mais rápido que puderes das malditas expectativas, as suas e as alheias. Expectativas são bichos não domesticáveis, aranhas peludas de mil pernas, escravizando suas vítimas em teias de preconceito para devorá-las no mingau gelado da frustração. Melhor é criar filhos, cachorros, gatos e lembranças.
E sobretudo perdoa. Aprende a perdoar quem te ataca em tua mais óbvia fraqueza: tu és nada além de um ser humano cheio de falhas que ora carece de companhia, ora anseia por solidão. Mas não te esquece: perdoa, sai de perto e segue em frente. Porque o perdão é a tua liberdade com outro nome.
Reconhece então tua fraqueza e cai no sono sem culpa. Quando acordares, serás ainda a mesma criatura imperfeita de sempre, mas terás mais força que nunca para seguir correndo. Em frente, atrás, de lado, não importa. Só o que ainda vale de tudo isso é o puro e simples movimento. Dispensa o peso. Manda embora. Liberta-te. Levanta e voa!
André J. Gomes - http://www.revistabula.com/

sexta-feira, 8 de abril de 2016


Toda vez que ousamos dizer o que sentimos nós aceitamos o risco de que o sagrado do sentimento seja banalizado. 
Vez em quando convém o silêncio, a convivência solitária que nos ajuda a desvendar o enigma que nos habita. 
Nem tudo o que sentimos é verdadeiro. O ódio, por exemplo, pode ser um amor disfarçado. O sentimento que nos parece tão convincente pode ser um impulso provocado pelas forças do instante. Somos vulneráveis às invasões de olhares, palavras, situações. E tudo isso passeia pelas nossas veias, viaja em nós. 
E por isso necessitamos da introspecção silenciosa. Só ela é capaz de desconstruir os equívocos que alimentamos, e expulsar o que não nos pertence.
Não tenha pressa em publicar suas alegrias ou tristezas. Conviva com elas antes de colocá-las nas janelas da vida. Nem tudo a palavra sabe dizer. E ainda que saiba, nem tudo precisa ser dito.


Pe. Fábio Melo

VÍCIO E FALTA DE AMOR PRÓPRIO...

Gros Muffins healthy chocolat banane noisettes


Liste des ingrédients

  • 2 oeufs
  • 1 yaourt grec de 150 g
  • 50 g de pépites de chocolat noir
  • 150 g de flocons d'avoine
  • 2 bananes bien mûres
  • 2 bananes séchées (facultatif)
  • 50 g noisettes entières
  • 50 g de sucre complet
  • 1 sachet de levure chimique
  • 2 c. à soupe de graines de lin ou Chia

Etapes de la recette

  1. Dans un saladier, écrasez les deux bananes avec une fourchette, rajoutez les deux oeufs et mélangez
  2. Ajoutez le sucre puis mélangez, le yaourt grec puis mélangez
  3. Enfin, ajoutez les graines de lin, la levure chimique, les flocons d'avoine et mélangez le tout
  4. Pour finir, ajoutez des morceaux de bananes séchées (facultatif), les pépites de chocolat, les noisettes et mélangez le tout
  5. Remplissez les caissettes à muffins avec la préparation puis enfournez à 180° pendant 25 minutes.
"As religiões alcançam seus objetivos quando incutem nos fiéis a convicção de que o respeito ao ser humano é tão sublime quanto o amor a Deus."

Pe. Fábio de Melo

DISPENSE SEUS EXCESSOS...

terça-feira, 5 de abril de 2016

O RETRATO DE DORIAN GRAY

Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objectivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.
Oscar Wilde
Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil.
Leon Tolstoi
Amar é ter um pássaro pousado no dedo. 
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, 
a qualquer momento, ele pode voar.
Rubem Alves
Somos donos dos nossos atos
mas não donos dos nossos sentimentos.
Somos culpados pelo que fazemos
mas não pelo que sentimos.
Podemos prometer atos, 
mas não podemos prometer sentimentos.
Atos são pássaros engaiolados.
Sentimentos são pássaros em voo.
Rubem Alves

sexta-feira, 1 de abril de 2016

SUCESSO, DESTINO E MORTE...

Leandro Karnal fala sobre sucesso, destino e morte
Intelectual compartilhou conhecimentos e pontos de vista

Ele é um dos intelectuais mais respeitados do país. Faz dos seus discursos – dos mais diversos – uma dança entre lucidez e raciocínio que justifica o sucesso alcançado. Aos 53 anos, Leandro Karnal, gaúcho por natureza, tem disseminado pelo país seu entendimento sobre a vida, história, religião, política e, nessa ocasião, sobre o comportamento humano. Professor especializado em História da América na Unicamp, Karnal está de visita a Aracaju para uma palestra sobre ‘Gestão de Mudança e Empreendedorismo’, e conversou com o Portal Infonet sobre seu entendimento sobre o sucesso, destino, morte e solidão.

O sucesso, para Karnal, é algo que independe do indivíduo. Quando perguntado se o empreendedorismo é suficiente para alcançar triunfo, o professor responde: “Dentre as mais variadas correntes filosóficas sobre a autonomia do homem, eu gosto de defender esse cruzamento que há na vida envolvendo o destino do acaso – que é aquilo que não controlo e que Maquiavel chamou de ‘fortuna’, e aquilo que controlo – que Maquiavel chama de virtú (capacidade de dobrar a fortuna). Não existe possibilidade de vencer sem o encontro adequado dessas duas”, disse.

Entre crenças, entendimentos e explicações, Karnal desmistifica a influência que o ‘pensamento positivo’ pode exercer nos objetivos das pessoas.  Para ele, o tipo de comportamento baseado em pensamentos positivos é frágil quando não se vem acompanho de uma ação. “As coisas só acontecem caso você faça. Se você se atirar de um prédio e pensar positivamente que pode voar, a lei de Newton vai se impor ao seu pensamento positivo. Se você comer muito, vai engordar independente do seu pensamento positivo. Se o pensamento positivo for o início de uma ação, então podemos destacá-lo como um princípio, se ele for uma ideia de que pensando positivo acontece, isso chamamos na antropologia de pensamento mágico”, compreende.

No alto do seu conhecimento erudito, Leandro Karnal também tem uma opinião formada sobre as redes sociais. Indagado se estes meios emergiram com propósito de preencher alguma carência da sociedade contemporânea, ele foi enfático: “se elas vieram para suprir a solidão, não estão funcionando, pois a solidão só tem aumentado nas pessoas”, diz.

Para ele, as redes sociais são instrumentos neutros, e quem as usam, determinam sua função. “Elas fazem parte de um desejo humano de se comunicar e medo de se entregar. Umberto Eco, recém-falecido, diz que ela deu voz a todos imbecis do mundo. Verdade! Mas deu voz também a gente inteligente. A técnica é sempre neutra, nunca é boa ou má. Você a usa como quiser, inclusive, para enganar sua solidão publicando foto sem parar”, completou.

Sobre a morte, o professor chega a usar o humor para falar sobre. Diz que não tem medo dela, mas reconhece a dificuldade das pessoas em lidar com o tema. “Hoje não tenho nenhum medo da morte, mas gostaria de não sofrer. A ideia de que você tem que ter medo de algo que vai acontecer, é idêntica a ter medo do pôr-do-sol, do nascer do outro dia, é idêntica a ter medo das coisas que você não controla. Somos todos seres mortais, feitos de moléculas de caborno, todos morrerão, até mesmo a Rainha Elizabeth II um dia talvez venha a morrer”, ri.

“É absolutamente impossível controlar isso. Ter medo do inevitável é um pouco de infantilidade. Mas essa pretensão à imortalidade é uma característica muito humana, tanto que os faraós faziam tumbas para permanecerem imortais, os indús acreditam em reencarnação, e então criamos essa ideia de imortalidade para enfrentar esse medo terrível que a maioria tem da morte”, concluiu Leandro.

Por Ícaro Novaes e Verlane Estácio

LIRA ITABIRANA

Publicado em 1984 no jornal Cometa Itabirano, o poema não chegou a ganhar versão subsequente em livro — o que levou alguns portadores de antologias de poemas do autor a, em um primeiro momento, duvidar da autenticidade da citação, mas os versos são mesmo de Drummond.