O inferno é reproduzido como o lugar onde todas as forças do mal predominam. Quanto mais horríveis elas são, piores são os castigos que nos esperam. No entanto, é comum a crença na existência do lugar, pois essa faz parte da percepção básica das religiões cristãs. Entretanto, alguns dizem que tal castigo eterno é praticamente inviável.
Alguns falam de rios de fogo, túmulos flamejantes, outros afirmam
que as almas condenadas ao inferno terão que encarar demônios extremamente
ruins, serão condenados a trabalhos forçados eternos e serão transformados em
árvores e devoradas. Enfim, não parece um lugar muito agradável, não é
mesmo?! E como ninguém gostaria de passar férias no inferno, fomos atrás de
argumentos que discordam da existência desse lugar. Confira e conte o que você
acha:
6 – A Bíblia mal menciona algo como o inferno
Em Romanos 6:7, na Bíblia, diz: “todo aquele que morreu já foi
justificado do pecado”. Ou seja, se a morte é a punição para os pecados, porque
haveria de existir um lugar para punir os mortos? Já em Romanos 6:23 diz: “o salário
do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio
de Cristo Jesus, nosso Senhor”. Através dessa citação é possível observar que
Deus não dá a vida eterna para aqueles adeptos do pecado, porém, não cita
nenhuma passagem só de ida para as profundezas do inferno.
Continuando as citações, em Tessalonicenses 1:9 diz que “Eles sofrerão a
pena de destruição eterna, a separação permanente da presença do Senhor e da
majestade do seu poder”. Logo, ao invés de fogo e chibatadas, os pecadores
serão destruídos por estarem longe da presença de Deus. Em João 3:36 a mesma
ideia é novamente descrita: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; aquele que
não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”. O tal
“fogo eterno” é mencionado somente em Judas 1:7, mas apenas no contexto de
Sodoma e Gomorra, literalmente destruídas pelo fogo da ira de Deus.
Com isso, surge a questão: Se foi criado um lugar exclusivo para a
punição e tormento para os ímpios, por que a Bíblia nunca falou desse lugar
detalhadamente? Menções de algo parecido com a visão de “inferno” que temos,
são citadas por alto no Livro do Apocalipse e em duas parábolas de Cristo. Mais
nada.
5 – Interminável castigo não faz sentido bíblico
Uma dúvida manifestada até mesmo pelos cristãos e muito aceitável, se
compararmos a ideia de “Deus” que é descrita na Bíblia, é a questão do castigo
eterno. Será que o Deus que é amor, seria capaz de condenar alguém ao
sofrimento eterno? Em João 4:8 diz: “Aquele que não ama não conhece Deus,
porquanto Deus é amor”. Ou seja, a ideia de condenar Seu filho ao castigo pelo
resto da eternidade não parece muito bem viável.
Em Deuteronômio 19:21 fala: “Portanto, não considerarás com piedade
esses casos: alma por alma, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por
pé!”. Tal citação parece dar a ideia de igualdade. A ideia de inferno que temos
atualmente se torna ainda mais contraditória quando lemos os trechos de
Jeremias 7:31, que diz: “Eles construíram o alto de Tofete no vale de
Ben-Hinom, a fim de queimarem seus próprios filhos e filhas como holocausto,
sacrifício que jamais ordenei e nem sequer pensei em requerer”. Ou seja, se a
ideia de queimar Seus filhos nunca passou pela cabeça de Deus, porque Ele permitiria
algo como o inferno?
4 – Jesus não inventou parábolas sobre o inferno
A ideia de um inferno de fogo é mencionada algumas vezes na história de
Lázaro, em Lucas 16:19-31. A história conta a história de um homem rico que
passa a vida toda ignorando um mendigo chamado Lázaro. Porém, os papeis mudam
quando Lázaro é levado por anjos para uma existência feliz no seio de Abraão,
enquanto o homem rico se vê atormentado em um fogo ardente.
Esse é o episódio mais próximo do conceito de “condenação ao inferno” na
Bíblia. Contudo, a Bíblia não especifica se esse acontecimento ocorreu de fato
ou se é só uma advertência direta sobre a vida após a morte. As parábolas
de Cristo são claramente histórias fictícias destinadas a transmitir uma
mensagem.
Contudo, essas parábolas nem sequer foram criadas por Jesus, de fato.
Estudiosos há muito identificaram o esboço geral da história de Lázaro (o
mendigo recompensado após a morte, enquanto o homem rico é punido) como um
conto popular egípcio conhecido de instrutores religiosos judeus, como os
fariseus, ao ponto da literatura judaica primitiva conter pelo menos sete
versões da narrativa.
No relato de Lucas, Jesus só conta a parábola do homem rico depois que
os fariseus zombam de sua parábola original do mordomo infiel, usando uma de
suas próprias histórias favoritas para demonstrar a hipocrisia de tais
fariseus.
3 – Vários versículos sobre um lugar como o inferno não são conclusivos
Em Apocalipse 20:10-15 diz: “Eles serão atormentados dia e noite pelos
séculos dos séculos”. Porém a identidade desse “eles” não é mencionada. Coisas
como o Diabo, a Besta e o Falso Profeta, que não são pessoas reais. Em outras
palavras, tal referência é um simbolismo.
Existe também nas Escrituras a parábola da ovelha e dos bodes, citada em
Mateus. A história narra o episódio em que Jesus aparece para falar em juízo
final: “Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos”. A
parábola termina com uma aparente referência ao tormento sem fim: “Sendo assim,
estes irão para o sofrimento eterno, porém os justos, para a vida eterna”.
Essa passagem é considerada a explicação por trás da descrição
popular do inferno. Entretanto, alguns teólogos argumentam que
tal interpretação contradiz uma série de outros versículos das Escrituras
que detalham o destino dos pecadores no Juízo Final como a destruição
através da “segunda morte”.
Se os ímpios são destruídos, eles não podem passar pelo sofrimento
eterno. Alguns estudiosos bíblicos dizem que, “enquanto o fogo da punição
é descrito como eterno, isso não significa que os ímpios serão punidos por toda
a eternidade”. Ou seja, a punição eterna (“aionios kolasis”) dura para
sempre, mas a própria punição é a destruição imediata. Logo, nada de
inferno.
O termo “kolasis” só aparece somente duas vezes no Novo Testamento,
no Velho Testamento em grego usa a palavra para se referir a punição em geral,
e a morte como uma forma de punição, sugerindo que “punição eterna” e “morte
eterna” são duas traduções válidas.
2 – Alguns aspectos do inferno parecem distintamente não cristão
Uma religião egípcia antiga descrevia uma caverna que continha um “lago
de fogo” onde as almas pecadoras eram castigadas por seus atos. Enquanto outra
religião da antiga Mesopotâmia também descreviam o “submundo”.Ou seja, a
concepção de inferno deriva de outras culturas não-cristãs.
Outra ideia de inferno é feita pelos zoroastristas, dizia que os ímpios
seriam julgados após a morte e condenados a punição eterna do submundo, que é
descrito como um poço cheio de fogo, fumaça e demônios. As almas são torturadas
de acordo com a gravidade de seus pecados em vida, e tal tortura é feita
pelo “grande espírito do mal”, descrito como Angra Mainyu.
O intrigante é que esses detalhes não foram baseados na Bíblia. O
inferno zoroastrista é composto por demônio e governado por um ser diabólico,
enquanto o Diabo cristão e seus seguidores não têm nenhum papel na vida após a
morte e são o único grupo claramente destinado a punição em “Tártaro”.
1 – O inferno é simplesmente uma tática de intimidação
Embora muitos religiosos discordem, não há como negar que a ideia de
inferno tem sido usada como um modo de intimidação e pressão para manter os
fieis “longe dos pecados” e dentro da igreja. Até porque, se não existisse
inferno as pessoas não procurariam a igreja. E isso envolve toda uma questão
complexa que gira em torno de disciplinas e dízimos.
Até figuras icônicas como a Rainha Maria I da Inglaterra já usaram a
justificativa do inferno para a condenação de protestantes. Os mesmos
poderiam ser queimados enquanto vivos, já que suas almas já estavam
condenadas ao fogo eterno.
Mesmo na atualidade o discussão “creia ou queime no inferno” é bastante
comum, incluindo gritos de agonia, ranger de dentes, odor de enxofre e
caldeirões de fogo. Ou seja, a ideia da condenação eterna meche com o
subconsciente dos fiéis, despertando o medo.
Para finalizar a hipóteses que vão contra o inferno,
citemos mais uma vez à parábola do homem rico e Lázaro, frequentemente
usada como “prova bíblica” da existência do inferno. Muitos poderiam
dizer que, na verdade, ela carrega a mensagem oposta. No fim da parábola,
Abraão não concorda em enviar Lázaro de volta à Terra para advertir os
pecadores do destino terrível que os aguarda na vida após a morte justamente
porque ele acredita que a justiça só pode vir da crença, ao invés do medo de
alguma punição sobrenatural. Ou seja, a própria Bíblia alerta os seus
seguidores de que a crença por medo é algo completamente sem fundamento.
Fonte: Listverse
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