Páginas

segunda-feira, 28 de março de 2016

ÉTICA E O BRASIL...

...

Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas.
Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.


Simone de Beauvoir

quarta-feira, 16 de março de 2016

AUTOPSICOGRAFIA...


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO...

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

PRESSÁGIO...


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…


Fernando Pessoa
Uma coisa é você achar que está no caminho certo, 
outra é achar que o seu caminho é o único. 
Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um 
sabe da sua própria dor e renúncia.

Paulo Coelho
"O sofrimento é um bom professor para os que aprendem com ele, mas torna-se um tirano para os que resistem e se ressentem.
Ele pode ensinar-nos quase tudo:
a desenvolver discernimento, autocontrole, desapego, moralidade e consciência espiritual transcendente."

sexta-feira, 11 de março de 2016

6 RAZÕES BÍBLICAS PELAS QUAIS O INFERNO PODE NÃO EXISTIR.




















O inferno é reproduzido como o lugar onde todas as forças do mal predominam. Quanto mais horríveis elas são, piores são os castigos que nos esperam. No entanto, é comum a crença na existência do lugar, pois essa faz parte da percepção básica das religiões cristãs. Entretanto, alguns dizem que tal castigo eterno é praticamente inviável.
Alguns falam de rios de fogo, túmulos flamejantes, outros afirmam que as almas condenadas ao inferno terão que encarar demônios extremamente ruins, serão condenados a trabalhos forçados eternos e serão transformados em árvores e devoradas. Enfim, não parece um lugar muito agradável, não é mesmo?! E como ninguém gostaria de passar férias no inferno, fomos atrás de argumentos que discordam da existência desse lugar. Confira e conte o que você acha:
6 – A Bíblia mal menciona algo como o inferno

Em Romanos 6:7, na Bíblia, diz: “todo aquele que morreu já foi justificado do pecado”. Ou seja, se a morte é a punição para os pecados, porque haveria de existir um lugar para punir os mortos? Já em Romanos 6:23 diz: “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio de Cristo Jesus, nosso Senhor”. Através dessa citação é possível observar que Deus não dá a vida eterna para aqueles adeptos do pecado, porém, não cita nenhuma passagem só de ida para as profundezas do inferno.
Continuando as citações, em Tessalonicenses 1:9 diz que “Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação permanente da presença do Senhor e da majestade do seu poder”. Logo, ao invés de fogo e chibatadas, os pecadores serão destruídos por estarem longe da presença de Deus. Em João 3:36 a mesma ideia é novamente descrita: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”. O tal “fogo eterno” é mencionado somente em Judas 1:7, mas apenas no contexto de Sodoma e Gomorra, literalmente destruídas pelo fogo da ira de Deus.
Com isso, surge a questão: Se foi criado um lugar exclusivo para a punição e tormento para os ímpios, por que a Bíblia nunca falou desse lugar detalhadamente? Menções de algo parecido com a visão de “inferno” que temos, são citadas por alto no Livro do Apocalipse e em duas parábolas de Cristo. Mais nada.
5 – Interminável castigo não faz sentido bíblico

Uma dúvida manifestada até mesmo pelos cristãos e muito aceitável, se compararmos a ideia de “Deus” que é descrita na Bíblia, é a questão do castigo eterno. Será que o Deus que é amor, seria capaz de condenar alguém ao sofrimento eterno? Em João 4:8 diz: “Aquele que não ama não conhece Deus, porquanto Deus é amor”. Ou seja, a ideia de condenar Seu filho ao castigo pelo resto da eternidade não parece muito bem viável.
Em Deuteronômio 19:21 fala: “Portanto, não considerarás com piedade esses casos: alma por alma, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé!”. Tal citação parece dar a ideia de igualdade. A ideia de inferno que temos atualmente se torna ainda mais contraditória quando lemos os trechos de Jeremias 7:31, que diz: “Eles construíram o alto de Tofete no vale de Ben-Hinom, a fim de queimarem seus próprios filhos e filhas como holocausto, sacrifício que jamais ordenei e nem sequer pensei em requerer”. Ou seja, se a ideia de queimar Seus filhos nunca passou pela cabeça de Deus, porque Ele permitiria algo como o inferno?
4 – Jesus não inventou parábolas sobre o inferno

A ideia de um inferno de fogo é mencionada algumas vezes na história de Lázaro, em Lucas 16:19-31. A história conta a história de um homem rico que passa a vida toda ignorando um mendigo chamado Lázaro. Porém, os papeis mudam quando Lázaro é levado por anjos para uma existência feliz no seio de Abraão, enquanto o homem rico se vê atormentado em um fogo ardente.

Esse é o episódio mais próximo do conceito de “condenação ao inferno” na Bíblia. Contudo, a Bíblia não especifica se esse acontecimento ocorreu de fato ou se é só uma advertência direta sobre a vida após a morte. As parábolas de Cristo são claramente histórias fictícias destinadas a transmitir uma mensagem.
Contudo, essas parábolas nem sequer foram criadas por Jesus, de fato. Estudiosos há muito identificaram o esboço geral da história de Lázaro (o mendigo recompensado após a morte, enquanto o homem rico é punido) como um conto popular egípcio conhecido de instrutores religiosos judeus, como os fariseus, ao ponto da literatura judaica primitiva conter pelo menos sete versões da narrativa.
No relato de Lucas, Jesus só conta a parábola do homem rico depois que os fariseus zombam de sua parábola original do mordomo infiel, usando uma de suas próprias histórias favoritas para demonstrar a hipocrisia de tais fariseus.
3 – Vários versículos sobre um lugar como o inferno não são conclusivos

Em Apocalipse 20:10-15 diz: “Eles serão atormentados dia e noite pelos séculos dos séculos”. Porém a identidade desse “eles” não é mencionada. Coisas como o Diabo, a Besta e o Falso Profeta, que não são pessoas reais. Em outras palavras, tal referência é um simbolismo.
Existe também nas Escrituras a parábola da ovelha e dos bodes, citada em Mateus. A história narra o episódio em que Jesus aparece para falar em juízo final: “Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos”. A parábola termina com uma aparente referência ao tormento sem fim: “Sendo assim, estes irão para o sofrimento eterno, porém os justos, para a vida eterna”.
Essa passagem é considerada a explicação por trás da descrição popular do inferno. Entretanto, alguns teólogos argumentam que tal interpretação contradiz uma série de outros versículos das Escrituras que detalham o destino dos pecadores no Juízo Final como a destruição através da “segunda morte”.
Se os ímpios são destruídos, eles não podem passar pelo sofrimento eterno. Alguns estudiosos bíblicos dizem que, “enquanto o fogo da punição é descrito como eterno, isso não significa que os ímpios serão punidos por toda a eternidade”. Ou seja, a punição eterna (“aionios kolasis”) dura para sempre, mas a própria punição é a destruição imediata. Logo, nada de inferno.
O termo “kolasis” só aparece somente duas vezes no Novo Testamento, no Velho Testamento em grego usa a palavra para se referir a punição em geral, e a morte como uma forma de punição, sugerindo que “punição eterna” e “morte eterna” são duas traduções válidas.
2 – Alguns aspectos do inferno parecem distintamente não cristão

Uma religião egípcia antiga descrevia uma caverna que continha um “lago de fogo” onde as almas pecadoras eram castigadas por seus atos. Enquanto outra religião da antiga Mesopotâmia também descreviam o “submundo”.Ou seja, a concepção de inferno deriva de outras culturas não-cristãs.
Outra ideia de inferno é feita pelos zoroastristas, dizia que os ímpios seriam julgados após a morte e condenados a punição eterna do submundo, que é descrito como um poço cheio de fogo, fumaça e demônios. As almas são torturadas de acordo com a gravidade de seus pecados em vida, e tal tortura é feita pelo “grande espírito do mal”, descrito como Angra Mainyu.
O intrigante é que esses detalhes não foram baseados na Bíblia. O inferno zoroastrista é composto por demônio e governado por um ser diabólico, enquanto o Diabo cristão e seus seguidores não têm nenhum papel na vida após a morte e são o único grupo claramente destinado a punição em “Tártaro”.
1 – O inferno é simplesmente uma tática de intimidação

Embora muitos religiosos discordem, não há como negar que a ideia de inferno tem sido usada como um modo de intimidação e pressão para manter os fieis “longe dos pecados” e dentro da igreja. Até porque, se não existisse inferno as pessoas não procurariam a igreja. E isso envolve toda uma questão complexa que gira em torno de disciplinas e dízimos.
Até figuras icônicas como a Rainha Maria I da Inglaterra já usaram a justificativa do inferno para a condenação de protestantes. Os mesmos poderiam ser queimados enquanto vivos, já que suas almas já estavam condenadas ao fogo eterno.
Mesmo na atualidade o discussão “creia ou queime no inferno” é bastante comum, incluindo gritos de agonia, ranger de dentes, odor de enxofre e caldeirões de fogo. Ou seja, a ideia da condenação eterna meche com o subconsciente dos fiéis, despertando o medo.
Para finalizar a hipóteses que vão contra o inferno, citemos mais uma vez à parábola do homem rico e Lázaro, frequentemente usada como “prova bíblica” da existência do inferno. Muitos poderiam dizer que, na verdade, ela carrega a mensagem oposta. No fim da parábola, Abraão não concorda em enviar Lázaro de volta à Terra para advertir os pecadores do destino terrível que os aguarda na vida após a morte justamente porque ele acredita que a justiça só pode vir da crença, ao invés do medo de alguma punição sobrenatural. Ou seja, a própria Bíblia alerta os seus seguidores de que a crença por medo é algo completamente sem fundamento.


Fonte: Listverse

sexta-feira, 4 de março de 2016

NINGUÉM ESTÁ MAIS VAZIO DO QUE AQUELE QUE ESTÁ CHEIO DE SI MESMO.

Não há ninguém que esteja tão vazio quanto aquele que está cheio de si mesmo, porque quando se está trancado sozinho em sua bolha, seu coração se torna egoísta e seus interesses narcisistas o impedem de enriquecer com todas as coisas que o mundo oferece.
É por isso que se diz que aquelas pessoas narcisistas, as que apenas estão interessadas na “primeira pessoa”, se tornam grosseiras, rudes e indecisas, apesar das suas crenças os levarem a pensar que sua frieza e sua “grande” identidade sejam um bom exemplo para o mundo.
Essas pessoas narcisistas não se dão conta de que com seu egoísmo se tornam incuráveis, enquanto ao mesmo tempo perdem a oportunidade de apreciar milhares de coisas e vão se tornando pessoas cada vez mais vazias e sem essência.

Os 8 vazios de quem é cheio de si mesmo
De forma triste, as pessoas narcisistas convivem com muitos vazios por causa de seu desinteresse e egocentrismo. Aqui estão alguns deles:

1- Vazios de empatia
Seus constantes “eu, meu, comigo” os fazem perder a capacidade de se colocar no lugar do outro. Não é que os outros não lhe interessem, mas isso se torna um hábito. Por isso, as pessoas narcisistas dia após dia perdem a capacidade de compreensão mútua, pois eles apenas conseguem entender seus sentimentos, atendendo aos seus interesses e as suas necessidades.

2- Vazios de autoestima saudável
Neste ponto, é bom lembrar que a própria compreensão e aceitação do seu interior se torna obrigatoriamente diminuída, pois os narcisistas não conseguem se descobrir para além do que sua imaginação cria e recria.
Portanto, por causa dessas projeções, cultivam uma falsa autoestima, não conseguem atingir o seu próprio autoconhecimento e impedem a si mesmos de se amarem sem reservas e em total plenitude.

3- Vazios de lealdade e honestidade
A honestidade e a lealdade expressam respeito por si mesmo e pelos outros. Elas tingem a vida de confiança, de sinceridade e de abertura, mostrando a essência mais profunda de cada um.

4- Vazios de amor
Existe alguma coisa mais triste do que não saber o poder do amor? Amar e ser amado requer consideração, respeito, responsabilidade e valores. Então, quem não é capaz de amar nada além de si mesmo, não poderá ir mais além num sentimento tão profundo como o amor, limitando drasticamente seu repertório emocional.

5- Vazios de tolerância e humildade
Os narcisistas não são capazes de tolerar e aceitar as opiniões, os sentimentos, os comportamentos ou os pensamentos dos outros, uma vez que eles são diferentes dos deles. Por isso eles se posicionam ao lado do vazio, impedindo uma atitude frente às relações e à diversidade, distorcendo seu diálogo interno e seu próprio crescimento emocional e social.

6- Vazios de responsabilidade
Quem é cheio de si é incapaz de responder e prestar contas por suas ações para o resto da sociedade. Como resultado, se produz um isolamento social ainda maior, que gera uma forte imaturidade que até lhe permite cultivar aquelas facetas que lhe interessam.

7- Vazios de vida e de liberdade
As pessoas narcisistas têm um vazio de vida e de liberdade, porque eles estão sujeitos às suas próprias crenças e seus próprios pensamentos que os limitam em suas atitudes e seus desejos, estando conscientes disso ou não. Uma pessoa livre detesta possuir ou ostentar o poder, porque no momento em que fizer isso, estará a se tornar um escravo do seu próprio cargo, renunciando assim à sua vida e aos seus desejos.

8- Vazios de identidade
Este é o mais difícil e mais duro de todos os vazios comentados. Uma pessoa que só pensa em si mesma e só sabe admirar e amar suas próprias qualidades está vazia de identidade, pois não será ninguém no mundo se não possuir um mundo de referência.
Quer dizer que quem acredita ser melhor que todo mundo nunca vai crescer na vida, se limitará a ouvir sua própria versão de sua existência e não alcançará nada mais do que a permanência na amargura de suas aspirações vazias e carentes de qualquer emoção.


http://amenteemaravilhosa.com.br/

POEMA DE SETE FACES...

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo, mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo, mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Carlos Drummond de Andrade
In Alguma Poesia
Edições Pindorama
Belo Horizonte, 1930
© Graña Drummond

quinta-feira, 3 de março de 2016

AMOR E TEMPO...

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba.
Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera!
São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito.
São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas.
Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho.
De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge.
A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas.
Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar menos.

Padre Antônio Vieira