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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PRECE DE GRATIDÃO...


Senhor, desejo dizer-Te da minha alegria e dar-Te o meu louvor
Quero dizer-Te que amo a vida, que para mim é bela e é consentida.
Muito obrigado, Senhor, por tudo o que me deste, por tudo que me dás.
Obrigado pelo ar, pelo pão, pela paz...

Obrigado pela beleza que meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar.
Que acompanham a ave ligeira que voa falheira pelo céu de anil.
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.
Muito obrigado, Senhor, porque posso ver o meu amor.
Mas diante da minha visão eu detecto os cegos.
Que se atormentam na escuridão, que se debatem na solidão, que sofrem na multidão.
Por eles eu oro e te imploro comiseração.
Porque eu sei que depois desta vida, na outra lida.
Eles também enxergarão.

Muito obrigado pelos ouvidos meus, que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o murmurar da chuva no telheiro.
A melodia do vento nos ramos do salgueiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
E a melodia dos imortais, que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais.
Diante da minha audição, pelos surdos eu formulo uma oração.
Porque eu sei que depois desta dor, no Teu Reino de Amor.
Eles também escutarão.

Muito obrigado pela minha voz, mas pela sua voz.
Pela voz que ama, que canta, que legisla, que alfabetiza, que trauteia uma canção.
Pela voz que o Teu nome murmura com dúlcida emoção.
Diante da minha melodia, deixa-me rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles porque eu sei que depois desta prova, na Vida Nova.
Eles também cantarão.

Muito obrigado, Senhor, pelas minhas mãos.
Mãos que aram, mão que semeiam, mãos que agasalham.
Mão de ternura, que libertam da amargura.
Mãos que apertam mãos, mãos dos adeuses.
Mãos de sinfonias, de psicografias.
Mãos de cirurgias, mãos de poesias.
Mãos que atendem a velhice, a dor, o desamor.
Mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio, sem receio.

E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar.
Muito obrigado, Senhor, porque eu posso andar.
Diante do meu corpo perfeito, eu Te quero louvar.
Porque eu vejo na Terra aleijados, amputados.
Marcados, paralisados, que não se podem movimentar.
Eu oro por eles porque eu sei.
Que depois desta expiação, na outra reencarnação.
Eles também caminharão.

Muito obrigado, por fim, pelo meu lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não importante se este lar é uma mansão ou é uma tapera.
Um bangalô, uma casa do caminho, seja lá o que for.
Mas que dentro dele exista a figura do amor.
Amor de mãe ou de pai.
De mulher ou de marido.
De filho ou de irmão.
A companhia de alguém que nos dê a mão.
Pelo menos a presença de um cão.
Porque não pode haver nada pior do que a solidão.

Mas se eu a ninguém tiver para me amar.
Nem um teto para me agasalhar.
Nem uma cama para repousar.
Nem um lugar para me amparar.
Nem assim reclamarei.
Pelo contrário, direi: obrigado, Senhor, porque eu nasci.
Porque um filho adotei por amor a Ti.
Porque ainda tenho alegria de viver.
Obrigado, Senhor!

Divaldo Franco (Emmanuel)

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