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sábado, 13 de dezembro de 2008

UMA HISTÓRIA DE NATAL...


Nos dias que antecedem o Natal , há uma atividade febril nas cozinhas do céu. Anjos confeiteiros se esmeram em preparar os mais deliciosos chocolates para serem entregues às crianças de todo o mundo na noite da véspera do Natal. Há muito, muito tempo, havia entre os anjos aprendizes, um Anjinho cujo sonho era vir à Terra com os demais e distribuir os celestiais chocolates. Pediu a permissão do anjo chefe da expedição ,mas , este , lembrando como o anjinho era ainda pequeno, de asas pouco poderosas, negou o pedido.Afinal , o Anjinho,tão pequenino ainda, poderia perder-se, atrasar-se . E os Anjos sabem que é necessário retornar ao céu antes dos primeiros raios da aurora , pois , os portões se fecham antes do alvorecer.
O Anjinho,entretanto, não se deu por vencido.Cheio de esperanças foi falar com o Menino Jesus. Explicou-lhe seu desejo. Jesus, porém, considerou que não era correto desautorizar a ordem do Anjo Responsável. Afinal, seria uma quebra de disciplina pouco recomendável ao exercício da Liderança, no qual se notabilizara como Mestre.
Mas , o Anjinho, tinha ânimo valente . E era esperto também. Chorando muito, o que o fazia ainda mais comovente , sentou-se sobre uma nuvem bem branquinha . Chorou ! Chorou! Foi então, que a Divina Senhora, ouvindo seu choro tão sentido, resolveu verificar o quê o afligia. Tomando-o amorosamente nos braços, consolando-o , perguntou-lhe a causa do choro. O Anjinho contou-lhe seu sonho. A Senhora, compadecida, tornou-se embaixadora do Anjinho e pediu a Seu Filho que autorizasse a descida do coitado.
Sua vontade foi satisfeita.Que negaria um pedido seu?
Arrumaram uma cestinha bem bonita com porções de chocolates.Fizeram mil recomendações e quando o cortejo celeste deixou o céu, o Anjinho veio junto.Era comovente vê-lo a bater suas asinhas com todo o empenho para não atrasar-se.
Distribuiu toda sua pequena carga bem rápido , seguiu o mapa das entregas com atenção.Fez tudo direitinho.
Quando já retornava ao céu bem antes da aurora, sobrevoou um lugarejo muito pobre. Chamou-lhe a atenção um casebre miserável. Aproximando-se viu nele, sobre um catre gelado, uma mulher em prantos e a seu lado um menino pequeno. Não havia fogo embora fizesse frio .Não havia pão nem leite.
O Anjinho tomado de compaixão chorou por não ter mais nenhum pedacinho de chocolate em sua cesta.
Mas lembrou-se de um segredo que só Anjos conhecem. Se um Anjo retirar uma estrela do céu e colocá-la sob uma panela em casa dos homens , tudo que na panela se ferver terá o gosto e o aroma do mais fino chocolate.
Não perdeu tempo.Batendo vigorosamente suas asinhas , voltou ao céu e lá tomou em suas mãozinhas uma minúscula estrelinha.
Voltando célere, colocou-a sob a caçarola que jazia sobre o fogão apagado.Enquanto voava novamente para o céu, pode sentir o cheiro do chocolate que envolvia a choupana.
E foi por obra de um Anjinho aprendiz de amoroso coração que naquela noite de Natal , uma mulher pode acalentar seu menino com doce e quente chocolate.
Ao voltar para o céu já na barra do dia, os portões estavam fechando-se .Esgueirou-se nosso Anjinho deixando algumas penas de suas asinhas. Mas nada importava. Tinha ido à Terra .Estava feliz seu coraçãozinho.
Sentou-se na sacada celestial para apreciar o nascer do sol. Neste momento , seu coração apertou-se. No lugar de onde retirara a estrelinha , havia agora , um buraco. Uma feia ferida na harmonia cósmica. E o Anjinho chorou. Como explicar ?
Neste momento, a Mãe , a Eterna Senhora, tomou-o de novo nos braços protetores. Percebendo a causa da aflição do Anjinho, retirou uma das lindas estrelinhas que bordam seu etéreo manto e deu-a ao Anjinho , dizendo-lhe que a colocasse no lugar de onde retirara a outra.
O Anjinho , feliz, enxugando as lágrimas,assim o fez.
Daquele Natal em diante , por todos os dias de nossa jornada sobre a Terra, a cada anoitecer, a primeira Estrela que nosso saudoso olhar contempla no firmamento é a estrela do manto da Senhora , que brilha para nos lembrar da compaixão, da coragem , do Amor de um Anjinho aprendiz.
Ana Lucia Mattos

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