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quarta-feira, 7 de maio de 2008

NEM SEMPRE A CULPA É DO FÍGADO...


Você extrapola no pernil, exagera na maionese e abusa do álcool. No dia seguinte, ao acordar com a sensação de que foi atropelado, já dá o diagnóstico: é o fígado.
E tome chazinho de boldo e remédio "hepático". Mas o fígado, provavelmente, não é o responsável pelo incômodo sentido. Ele costuma sofrer em silêncio. É isso, aliás, o que mais preocupa os médicos da área: "O indivíduo pode passar anos desenvolvendo uma hepatite (como a alcoólica ou a causado por vírus) e não manifestar sintomas. Muitas vezes, quando a doença é descoberta já se transformou em cirrose", diz Hugo Cheinquer, professor de gastroenterologia e hepatologia da faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Os efeitos da ceia de Natal não chegam a chamar a atenção dos médicos. "A chance de você tomar um porre e adoecer do fígado é mínima. Mesmo quando estamos falando de bebedores contumazes, nem todos são acometidos pela hepatite alcoólica. Os ocasionais, menos ainda", diz Mario Kondo, professor adjunto de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo. A comida, então, passa longe das preocupações desses médicos. "Não tem um alimento que machuque o fígado.
O que pode causar doença é o estilo de vida", diz Cheinquer. Por estilo de vida ele quer dizer sedentarismo e hábitos que levam à obesidade. Nesses casos, é possível a pessoa desenvolver um distúrbio chamado esteatohepatite não-alcoólica, que pode levar a quadros graves, como a cirrose, mas que, também, é sofrido silenciosamente pelo fígado até manifestar os sintomas. Portanto, o desconforto causado por um excesso ocasional de comidas gordurosas ou doces não é uma manifestação do fígado. "Comidas gordurosas podem fazer a vesícula biliar "reclamar", não o fígado", explica Kondo. O gosto amargo na boca e a presença de bile no vômito são manifestações da vesícula. Como a bile é produzida no fígado, é ele quem leva a culpa.
Cuidado com os exageros: embora os médicos digam que uma extrapolada de vez em quando não faz diferença, eles lembram que há um risco, embora mínimo, de uma hepatite alcoólica aguda, no caso de a pessoa beber uma quantidade muitíssimas vezes maior do que a habitual. É raro, mas não dá para prever o limite de cada organismo. No caso do estrago mais comum -a popular ressaca-, o melhor é "deixar quieto". "O fígado tem uma capacidade de regeneração especial. Se a pessoa não tiver doenças prévias, ele consegue refazer suas células sem deixar cicatrizes", conta Cheinquer. Portanto, repouso, comidinhas leves e muito líquido ainda são os melhores remédios.
Fonte:
www.uol.com.br

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