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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

RUBAIYAT...


As Rubaiyats poetizam a companhia de mulheres e a freqüência imoderada dos prazeres do vinho.
As Rubaiyats são trovas atribuídas a Omar Khayyam, habitante da Pérsia Muçulmana (Séc XII).
Khayyam era matemático, geómetro, astrólogo e filósofo reputado e respeitado.
Cultivava a amizade e o gozo do intelecto e da estética como compete ao homem livre.

Olha com indulgência aqueles que se embriagam...
Os teus defeitos não são menores.
Se queres paz e serenidade, lembra-te da dor de tantos outros, e te julgarás feliz.
Que o teu saber não humilhe o teu próximo.
Cuidado, não deixes que a ira te domine.
Se esperas a paz, sorri ao destino que te fere; não firas ninguém.
Busca a felicidade agora...
Não sabes de amanhã.
Apanha um grande copo cheio de vinho, senta-te ao luar, e pensa:
Talvez amanhã a lua me procure em vão.
Que pobre o coração que não sabe amar e não conhece o delírio da paixão.
Se não amas, que sol pode te aquecer, ou que lua te consolar?
É inútil a tua aflição; nada podes sobre o teu destino.
Se és prudente, toma o que tens à mão.
Amanhã... que sabes do amanhã?
Além da Terra, pelo Infinito, procurei, em vão, o Céu e o Inferno.
Depois uma voz me disse:
Céu e Inferno estão em ti.
Como o rio, ou como o vento... vão passando os dias.
Há dois dias que me são indiferentes:
O que foi ontem...
O que virá amanhã...
Admito que já resolveste o enigma da Criação...
E o teu destino?
Aceito que desvendaste a Verdade!
E o teu destino?
Está bem, viveste cem anos felizes e ainda tens muitos para viver!
E o teu destino?
Se não tiveste a recompensa que merecias, não te importes, não esperes nada!
Já estava tudo nas páginas daquele livro que o vento da eternidade vai virando ao acaso.
A tulipa rubra nasce no campo que foi regado pelo sangue de um altivo rei.
A violeta brota do sinal de beleza que palpitava na face de uma doce adolescente.
Há tanto tempo giram os astros no espaço!
Há tanto tempo se revezam os dias e as noites.
Anda de leve na terra, talvez aonde vais pisar ainda estejam os olhos meigos de um adolescente.
Se em teu coração cultivaste a rosa do amor...
Quer tenhas procurado ouvir a voz de Deus, ou esgotado a taça do prazer...
A tua vida não foi em vão.
Ouve o que a Sabedoria diz todos os dias:
A vida é breve.
Não te esqueças, não és como certas plantas que rebrotam depois de cortadas.
Pessoas presunçosas e obtusas inventaram diferenças entre o corpo e a alma.
Sei apenas que o vinho apaga as angústias que nos atormentam e nos devolve a calma.
Um pouco de pão Um pouco de água a sombra de uma árvore, e o teu olhar...
Nenhum sultão é mais feliz do que eu, e nenhum mendigo é mais triste.
No turbilhão da vida são felizes aqueles que presumindo saber tudo não se instruem.
Fui buscar os segredos do Universo e voltei invejando os cegos que encontrei pelo caminho.
Nunca procurei saber onde encontrar o manto da mentira e do ardil...
Mas sempre andei à procura dos melhores vinhos.
Um dia pedi a um velho sábio que me falasse sobre os que já se foram.
Ele disse:
Não voltarão.
Eis o que sei.
Quando eu não mais viver, não haverá mais rosas, nem lábios vermelhos, nem vinhos perfumados; não haverá auroras, nem amores, nem penas: o Universo terá acabado,
pois ele é o meu pensamento.
Rosas, Taças, Lábios vermelhos:
Brinquedos que o Tempo estraga!
Estudo, Meditação, Renúncia:
Cinzas que o Tempo espalha.
Omar Khayyam

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